Crime Denunciado em Posto Policial
Uma mulher de 48 anos registrou uma grave denúncia de estupro contra um policial militar, ocorrido dentro de um posto do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), localizado em Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, em Pernambuco. O crime, segundo relatos, aconteceu na noite da última sexta-feira (10), durante uma blitz de rotina na rodovia PE-60. O registro da denúncia foi feito no sábado (11) na Delegacia da Mulher do município. Na última terça-feira (14), diversas entidades se manifestaram, exigindo a responsabilização imediata do policial envolvido.
A mulher relatou que, enquanto dirigia em direção à Praia de Gaibu, foi parada em uma barreira policial instalada no Cabo. Três agentes do BPRv estavam realizando a fiscalização no local. Durante a abordagem, um dos policiais informou que havia uma irregularidade relacionada ao licenciamento do veículo e que o carro seria apreendido. A mulher, então, desceu do veículo, entregou os documentos e tentou resolver a situação por telefone com o antigo proprietário. Entretanto, foi conduzida pelo policial até o posto, sob a alegação de que precisava ‘beber água’.
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Conforme o depoimento da vítima, ao ser levada para uma sala com beliches, o agente apagou as luzes e cometeu o abuso sexual. Apesar de resistir, ela afirmou que foi forçada a realizar sexo oral e que o agressor a obrigou a beber água após o ato, para eliminar quaisquer vestígios do crime. Desesperada e em estado de choque, a mulher deixou o local e procurou abrigo na casa de uma parente.
No mesmo final de semana, a vítima procurou a Delegacia da Mulher do Cabo de Santo Agostinho, onde fez seu depoimento e formalizou a denúncia. Durante o procedimento, ela reconheceu o policial suspeito através de uma fotografia.
Na última terça-feira, a Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco confirmou a denúncia e expressou repúdio a qualquer forma de violência, especialmente contra mulheres. A SDS informou que a Corregedoria Geral já instaurou uma Investigação Preliminar (IP) para avaliar a conduta do policial em questão, seguindo uma linha de apuração ética e disciplinar, por meio de uma investigação criminal conduzida pela Polícia Civil.
Entretanto, o comunicado também revelou que o policial suspeito ainda não foi afastado de suas funções. “Todas as medidas necessárias serão tomadas com rigor, assegurando a responsabilização se as denúncias forem confirmadas”, destacou a nota oficial da secretaria.
A denúncia fez surgir uma onda de indignação por parte de várias entidades da sociedade civil. O Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (GAJOP) considerou o caso como “gravíssimo” e pediu o imediato afastamento do policial envolvido, além de uma declaração pública da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra. “É fundamental que sejam tomadas providências rápidas para afastar o policial acusado de suas funções operacionais, garantindo assim a lisura da investigação e protegendo a vítima de possíveis intimidações,” enfatizou o GAJOP.
A organização também criticou o atendimento prestado à vítima na delegacia, descrevendo-o como “revitimizante”, pois o exame de corpo de delito não foi oferecido de forma protocolar, e não houve imediata assistência psicológica. A Comissão de direitos humanos da OAB-PE, assim como advogadas que acompanham o caso, também pediram o afastamento urgente do agente e reforço nas medidas de proteção à vítima.