A Arte Sob Uma Nova Perspectiva
Regina Pinho de Almeida, em uma recente entrevista por vídeo, compartilhou sua visão sobre o colecionismo e a arte. Segundo ela, existem diversos perfis de artistas: alguns focam na crítica política, enquanto outros se dedicam à formalidade das técnicas. Regina, no entanto, sempre buscou obras que fogem do convencional, com um toque de humor provocativo. ‘Não levava isso muito a sério’, afirma, ressaltando que essa abordagem irreverente pode ser o que torna sua coleção tão cativante. Sua coleção inclui obras de renomados artistas como Marcel Duchamp, Cildo Meireles, Edith Derdyk e Augusto de Campos, e está atualmente em exibição em três mostras na Casa de Cultura do Parque, um espaço que ela mesmo idealizou e inaugurou em 2019 no Alto de Pinheiros.
Exposições Curadas com Cuidado
As mostras, organizadas por Claudio Cretti e Tetê Lian, são compostas por obras que dialogam com três eixos temáticos: ‘Som e fúria’, que reúne trabalhos que emitem sons mecânicos; ‘Balada para um espectro’, que explora a relação com livros e textos; e ‘Corpo-a-corpo’, que reflete sobre a presença do ser humano na arte e as questões socioculturais que a permeiam. Segundo Tetê Lian, a singularidade da coleção de Regina se destaca por incluir peças que muitos colecionadores evitam, seja pela complexidade de manutenção ou pelo desafio de armazenamento. ‘É incomum ver uma coleção assim, com um espectro tão diversificado’, afirma.
Uma Visão Despretensiosa
Cretti complementa que a abordagem de Regina em relação à aquisição de obras é refrescante. ‘Ela compra de artistas jovens que ainda não estão consolidados no sistema de arte. Se Regina gosta, não hesita em adquirir, independentemente da especulação sobre o valor futuro da obra’, comenta. Essa despretensão na escolha das obras é um dos traços mais marcantes de sua coleção, que se tornou um verdadeiro espaço expositivo em sua casa.
Raízes na Arte
O apreço por arte é um legado familiar para Regina. Seu avô, o poeta Tácito de Almeida, foi um dos participantes da emblemática Semana de Arte Moderna de 1922. Seu pai, Flávio Pinho de Almeida, ocupou a direção do Museu de Arte Moderna de São Paulo na década de 1970. A trajetória de Regina na arte começou em uma galeria e, anos depois, com um investimento significativo oriundo da venda de uma propriedade rural no Paraná, decidiu se aprofundar no mundo artístico, envolvendo-se diretamente com artistas do seu círculo social.
Desafios e Superações
Ao criar a Casa de Cultura do Parque e o Instituto de Cultura Contemporânea, Regina buscou democratizar o acesso à sua coleção, enfrentando preconceitos e desafios ao longo do caminho. Ela recorda que muitos curadores e acadêmicos estavam relutantes em se associar ao seu projeto, muitas vezes devido a preconceitos enraizados. ‘Demorou para encontrar colaboradores que entendessem a proposta e se dispusessem a ajudar’, revela. Contudo, hoje, sua iniciativa se firmou como um relevante ponto de referência no cenário cultural, atraindo tanto o público quanto artistas e galeristas.
Reflexões e Novos Rumos
Embora Regina tenha reduzido sua agenda social e passado a desfrutar momentos mais tranquilos em casa, ela continua comprometida em apoiar artistas. ‘Com a idade, mudei um pouco meu ritmo. Passo mais tempo em casa, assistindo Netflix e mantendo um convívio mais íntimo com os artistas, mas minha vontade de ajudar permanece forte’, conclui. Com suas exposições e projetos, Regina Pinho de Almeida mostra que, na arte, o essencial é a conexão genuína com o que se aprecia, independentemente das convenções.
