Inovações no Envelhecimento e a Tecnologia
O tema “Envelhecimento, saúde e tecnologia” foi o cerne da sexta edição dos Encontros de Tecnologia e Inovação, um evento mensal que visa apresentar as pesquisas do CTI Renato Archer em conexão com questões contemporâneas. Na manhã de quarta-feira, 15 de outubro, o auditório da unidade de pesquisa acolheu servidores e um público externo interessado nas inovações discutidas.
A primeira palestrante, Arlete Valente Coimbra, professora do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da Universidade de Campinas (UNICAMP), trouxe uma análise crítica das diretrizes ICOPE, que se referem à “Atenção Integrada para os Idosos”, formuladas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Apesar de serem amplamente aceitas na literatura e na prática médica, Coimbra apontou que essas diretrizes não aproveitam adequadamente a tecnologia para a detecção e prevenção de fatores que prejudicam a qualidade de vida dos idosos. “Ainda somos muito analógicos”, afirmou a pesquisadora, que acredita que o uso de dados digitais e inteligência artificial pode ser crucial para desenvolver intervenções proativas, atuando antes que problemas de mobilidade e cognição surjam.
Na sequência, Josué Ramos, membro da Divisão de Sistemas Ciberfísicos (DISCF) do CTI, apresentou uma visão abrangente de robôs assistivos e sociais projetados para o público idoso. Entre os destaques estavam o robô de pelúcia Paro, o dispositivo interativo ElliQ, o robô Pepper e máquinas de assistência física como E-BAR e Hug. Embora essas inovações tenham recebido atenção considerável na mídia no momento de seus lançamentos, a adoção real em instituições de cuidados e no ambiente doméstico tem sido baixa. A expectativa de uma revolução no cuidado a idosos parece distante, principalmente devido à imaturidade tecnológica dos robôs atualmente disponíveis e à resistência desses dispositivos tanto pelos idosos quanto pelos profissionais que trabalham com eles.
Para encerrar as apresentações, Antônio Pestana Neto, também da DISCF, compartilhou seus esforços no desenvolvimento de sistemas ciberfísicos destinados a otimizar o conforto térmico e o bem-estar de indivíduos em ambientes internos. Seu projeto visa integrar climatização, filtragem e umidificação em um único sistema. O desafio reside em criar espaços internos agradáveis e saudáveis, ao mesmo tempo em que se evita o consumo excessivo de energia, um aspecto crucial em tempos de mudanças climáticas, especialmente considerando que os idosos são os mais vulneráveis a extremos de temperatura.
Após as palestras, houve uma sessão de debate onde os painelistas responderam a perguntas do público. Todos os participantes concordaram que, após a definição de uma base comum de conceitos, é fundamental promover um diálogo contínuo entre medicina e tecnologia. Essa colaboração se mostra essencial para enfrentar os desafios apresentados por um mundo cuja população envelhece rapidamente.