Detalhes da Denúncia de Estupro em Posto Policial
Um caso alarmante está em andamento no Cabo de Santo Agostinho, Grande Recife, onde uma mulher de 48 anos denunciou ter sido estuprada por um sargento da Polícia Militar (PM) dentro de um posto do Batalhão da Polícia Rodoviária (BPRv). A ocorrência foi registrada após uma blitz, onde a vítima foi abordada enquanto estava no carro com amigas e filhas adolescentes. Os relatos indicam que, após ser parada por agentes, a mulher foi levada a um posto de polícia e forçada a realizar sexo oral.
Na última terça-feira (14), dois policiais que estavam de serviço no dia da abordagem prestaram depoimento sobre o caso. Ambos confirmaram que observaram a mulher saindo do posto acompanhada por um sargento, que também é um dos suspeitos do crime. No entanto, a vítima não conseguiu reconhecer nenhum deles durante o procedimento de identificação.
O Que Aconteceu na Blitz
Conforme informações do inquérito policial militar, a denúncia ocorreu na noite de sexta-feira (10). Os relatos da mulher revelam que, após ser parada, um dos sargentos a levou para dentro do posto sob pretextos não claros. Os dois policiais que depuseram confirmaram que viram a mulher sair do local, mas alegaram não saber o que ocorreu durante o tempo em que ela permaneceu no posto. Um dos policiais, no entanto, destacou que não é comum a entrada de civis na unidade e que existe uma ordem do comandante local proibindo a entrada de pessoas não autorizadas.
Enquanto isso, a amiga da vítima, que a acompanhava durante a abordagem, relatou que a denunciantes estava visivelmente abalada e expressou seu desconforto com a situação. Durante o trajeto de volta para casa, ela repetiu que se sentiu humilhada.
Procedimentos Legais e Investigativos
A investigação se desdobrou após a vítima comparecer à Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) para reconhecer os envolvidos. Entretanto, um dos suspeitos não compareceu, apresentando um atestado médico que alegava dor nas costas. O secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, comentou que não é possível obrigar um policial a se apresentar se ele estiver incapacitado, conforme a legislação.
O reconhecimento de suspeitos é um procedimento delicado e deve seguir as normas legais. Carvalho esclareceu que o reconhecimento por fotos é considerado inválido legalmente e enfatizou a importância do protocolo adequado, que deve incluir a apresentação do suspeito ao lado de outras pessoas com características semelhantes.
Perícias e Declarações da Defesa
A investigação não se limita ao reconhecimento dos suspeitos. A perícia das roupas da vítima e do local do crime também está sendo realizada para encontrar qualquer evidência adicional. O advogado da mulher, Maria Júlia Leonel, afirmou que os dois policiais que prestaram depoimento se recusaram a fornecer amostras de DNA para as investigações. A defesa questionou a adequação do local escolhido para o reconhecimento, sugerindo que a Delegacia da Mulher seria mais apropriada para lidar com casos dessa natureza.
Em resposta à gravidade do caso, a Secretaria de Defesa Social lamentou os acontecidos e anunciou que uma Investigação Preliminar foi instaurada para avaliar a conduta ética dos policiais envolvidos. A Central de Apoio aos Policiais Militares Associados (BrajuPM), que representa dois dos agentes, defendeu que a falta de reconhecimento dos suspeitos pela vítima deve ser levada em consideração e que o inquérito deve ser tratado com sigilo para proteger todos os envolvidos.
Contexto e Repercussão
O caso gerou grande repercussão nas redes sociais e levantou um debate sobre a segurança pública e a proteção das vítimas de crimes sexuais. O secretário de Defesa Social pediu desculpas publicamente à mulher, reconhecendo a gravidade da situação. A investigação continua em andamento, e as autoridades prometem apurar todos os fatos para garantir justiça.